sábado, junho 19, 2010


Cinema

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Sábado, último dia de aula na semana. Me sinto aliviada após passar pelo portão do colégio. É dia de sair com as amigas depois da aula. Corremos até o ponto do ônibus e vamos para o cinema, em busca de uma breve fuga de todos as nossas preocupações e responsabilidades do dia-a-dia escolar.
Atravesso o portal do cinema e sou tomada por aquele cheiro de pipoca de manteiga que deixa qualquer um entorpecido, sinto o carpete vermelho aos meus pés, amortecendo meu cansaço. Vou a bilheteria e compro os ingressos. A cada passo que eu dou em direção a sala onde verei o filme, a ansiedade toma conta de mim, e apresso-os cada vez mais.
 Ao entrar no corredor da sala, escuro, silencioso, me sinto como num labirinto à espera de um final. Vejo a tela gigantesca à minha frente e reparo como sou pequena e vulnerável em comparação à ela. Ela toda imponente, mostra o grande poder que tem sobre nós. Subo as escadas iluminadas por luzes fluorescentes que me guiam até meu assento. Ao sentar em minha cadeira, fecho os olhos de adimiração. O silêncio consome cada um na sala, e a espera pelo filme me deixa mais impaciente, que já estou na metade de meu saco de pipocas. O ar gélido que passa, me faz encolher e me aproximar mais de minhas amigas. A escuridão aumenta, com isso, me endireito no assento e só tenho olhos pra ela, aquela tela que parece a cada minuto avançar sobre mim.
 O filme começa, e em um momento, não sei mais o que é realidade e o que é ficção. Entro neste mundo fantástico de sonhos, ilusões e idéias, mas nunca deixo de lado minha visão crítica. Sei que apesar de tudo parecer tão perfeito há neste lugar uma grande indústria de formação de opiniões. Porém, sei também que neste lugar, por si só, não faz estrago algum à integridade humana e a formação de opinião própria. O homem que é responsável pelo lado obscuro desta arte. Pura e única. Que me deixa toda vez em êxtase, por sua beleza um tanto sentimental.


"(...)Graças ao silêncio e a escuridão, do que podemos chamar de seu habitat psíquico, o cinema é capaz de pôr o espectador em êxtase melhor do que qualquer outra expressão humana.(...)" Luis Buñel, A poesia do cinema, 1955

 
Pauta para o Projeto Blogueando - 36ª edição.

2 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto, parabéns .-. boa sorte no projeto ;D

http://cgw-sonhoperdido.blogspot.com/

Evelyne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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